O Brasil é um dos países mais biodiversos do mundo, com uma riqueza imensurável no número de espécies de animais e plantas, com diferentes biomas e climas ao longo de todo o seu território, além de termos a maior e mais rica floresta tropical do mundo, a Amazônia.
Apesar da grandeza da nossa biodiversidade, retratada inclusive no nosso hino nacional – Gigante pela própria natureza -, um número igualmente assustador assola todo o território nacional, a morte por animais atropelados em nossas estradas. Estima-se que, anualmente 475 milhões de animais silvestres percam a vida devido a atropelamentos. Esse número inclui grandes mamíferos até mesmo aves, repteis e anfíbios, de onças e antas até mesmo roedores, pássaros, sapos e cobras.
Dois fatores podem explicar esse número alarmante:
- O grande número de espécies silvestres que temos, com mais de 100 mil espécies de animais descritos, entre eles 517 anfíbios, 468 espécies de répteis, 524 mamíferos e 1622 espécies de aves, além de muitos insetos e peixes. Distribuídos ao longo de 6 biomas e 8.510.000 km², a chance de ver um animal silvestre é grande, ainda mais próximo às estradas que cortem o Brasil em todos os sentidos.
- O transporte brasileiro é essencialmente rodoviário, o que aumenta e muito a chance de atropelamentos, pois os animais utilizam as estradas como meio de deslocamento e até mesmo cruzam as vias para acessar outros locais de reprodução e alimentação. São mais de 100 milhões de veículos e a quarta maior malha rodoviária do mundo, com 1,7 milhões de km (seria possível ir e voltar à Lua pelo menos duas vezes com essa malha rodoviária).
A fragmentação de habitats naturais, causados pela construção de estradas, expansão da área urbana e aumento das áreas destinadas à agropecuária força os animais a se deslocarem de um local para o outro e cruzarem as vias em busca de alimento, água, parceiros para reprodução, locais para descanso e outros recursos. Essa movimentação expõe os animais e aumenta o risco de atropelamentos.
Além do impacto direto da morte de animais, os atropelamentos causam consequências ecológicas diretas, pois a morte de grandes predadores como felinos e canídeos pode desequilibrar ecossistemas, afetando a cadeia alimentar silvestre com o aumento ou diminuição da população de presas. Espécies ameaçadas de extinção são as mais vulneráveis, pois a morte de indivíduos pode comprometer localmente a viabilidade dessas populações
Algumas atitudes podem mitigar esse problema, não resolver por completo, mas se complementam, se adotadas em conjunto. A construção de passagens subterrâneas e viadutos verdes permite que animais atravessem as rodovias de forma segura e cria o hábito nas populações silvestres. A sinalização adequada, redução de velocidade e atenção dos motoristas em trechos críticos de movimentação animal reduz os atropelamentos.
Além disso, campanhas de conscientização podem ajudar a educar motoristas sobre a importância de dirigir com cuidado em regiões de alta biodiversidade, bem como a priorização de percurso de estradas em locais que não cortem ou acessem reservas biológicas ou grandes áreas florestais, para que não ocorra uma maior fragmentação de habitats.
Referências consultadas:
- Sistema Urubu
- Frota de Veículos – 2024 — Ministério dos Transportes
- Fauna brasileira tem mais de 100 mil espécies — Ibama
- Atropelamentos estão entre as principais causas de morte de animais silvestres no Brasil | Jornal Nacional | G1