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O impacto ambiental das eleições municipais

De dois em dois anos passamos pelo pleito eleitoral no Brasil. São quase 155 milhões de eleitores aptos a votar, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e escolher os seus representantes nos poderes legislativo e executivo em nível municipal, estadual e federal.

As eleições municipais são intercaladas com as eleições gerais, cada uma ocorrendo a cada 4 anos, no mês de outubro de 2024 ocorreram as eleições municipais brasileiras, onde foram eleitos prefeitos 5.569 prefeitos e quase 58.000 vereadores em todo o território nacional.

Mas a campanha eleitoral não fica restrita apenas aos dias do primeiro e segundo turno, pelo menos dois meses antes do pleito, começa a propaganda eleitoral e toda a forma de divulgação dos candidatos e propostas. Nesse período concentra-se grande parte da poluição ambiental relacionada às eleições brasileiras.

Considere as dezenas de partidos, milhares de cidades, centenas de milhares de candidatos a cargos eletivos e a movimentação de milhões de eleitores, o impacto ambiental é expressivo. São comícios, panfletos, carros de som, cavaletes, camisetas e placas sinalizando sobre as candidaturas e propostas dos políticos. Estamos falando de poluição visual, sonora, geração de resíduos, consumo de combustível e emissão de gases de efeito estufa.

Nesse sentido, destaca-se um estudo realizado em 2015 intitulado “Processo Eleitoral Brasileiro: Impactos ambientais e o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado” da pesquisadora Karina Marcos Bedran, no qual ela identifica e consegue quantificar o real impacto das eleições brasileiras de 2012, desde então, o número de eleitores brasileiros cresceu cerca de 11% e os números mensurados ainda são relevantes para os nossos pleitos atuais.

Os principais impactos ambientais positivos ou negativos a cada eleição brasileira são:

Economia de papel e geração de resíduos: com a adoção da urna eletrônica, a partir de 1996, deixamos de usar cerca de 600 toneladas de papel a cada eleição, pois a urna eletrônica eliminou a necessidade das cédulas de votação em papel;

Produção e distribuição de santinhos: nas eleições municipais de 2012, foi necessária a derrubada de 600.000 árvores e o consumo de 3 bilhões de litros de água no país para a produção dos santinhos, número que se mantém atualizado, pois é uma das principais formas de angariar votos.

Consumo de gasolina e emissões de CO2: conforme dados declarados junto ao TSE, o consumo de combustível pelos candidatos foi de 110 milhões de litros de gasolina, o equivalente a 250.000 toneladas de CO2 lançados na atmosfera.

Apesar desses números, alguns dados ainda são intangíveis como a poluição sonora causada pelos alto-falantes, carros de som e comícios e a geração de resíduos de outros itens como cartazes, placas, cavaletes e camisetas. Ainda assim o processo eleitoral brasileiro é um dos menos impactantes considerando o uso da urna eletrônica e a eliminação das cédulas de votação.

As eleições também são uma oportunidade para os eleitores escolherem os candidatos com as melhores pautas e propostas ambientais, que utilizem meios menos impactantes nas suas campanhas. Ainda necessitamos de uma regulamentação específica para o tema nas eleições, mas candidatos e eleitores podem contribuir para a redução do impacto ambiental eleitoral com escolhas e propostas corretas.

Referências consultadas:

  • A propaganda eleitoral e seu impacto no meio ambiente – eCycle
  • 2015_pinheiro_processo_eleitoral_brasileiro.pdf
  • Tribunal Superior Eleitoral
  • Eleições 2024 e a crise climática: uma oportunidade perdida para o debate ambiental – Natureza Crítica