O setor de silvicultura é um dos mais importantes do Brasil, com estimativa de 2 milhões de empregos diretos e indiretos. Por todo o lado que você olhar, vai ver um produto à base de madeira, como móveis, papéis, caixas, embalagens, estruturas de construção civil, ferramentas, decoração, produção de bebidas e até mesmo em essências para perfumes.
Nosso país é um dos maiores consumidores de madeira do mundo, com um consumo anual de 300 milhões de metros cúbicos de madeira, sendo empregados principalmente no setor de construção civil (70%), produção de móveis (20%) e embalagens industriais (10%). Faça um exercício e note como embalagens de papel vêm ganhando a preferência ante embalagens de plástico.
E toda essa demanda por madeira e seus derivados já foi uma grande ameaça às nossas florestas, principalmente Mata Atlântica e Floresta Amazônica. Esses biomas ainda sofrem a pressão pela extração irregular de madeira, mas atualmente o maior risco para nossas florestas é o desmatamento para transformação em pastagens e lavouras.
Existem diferentes meios de obtenção de madeira de forma legalizada, de fontes que cumpram regulamentos ambientais e que sua extração esteja em conformidade social e ambiental. A madeira pode ser obtida de duas fontes principais: florestas plantadas e manejo sustentável de florestas naturais.
As florestas plantas são cultivos de árvores com espécies destinadas para a produção de madeira. Essas florestas são plantadas e manejadas para maximizar a produção de madeira de forma eficiente e sustentável.
As vantagens dessa forma de produção são o rápido crescido das plantas, principalmente pinus e eucalipto, duas espécies exóticas e que apresentam grande produção de madeira em pouco tempo e com colheitas frequentes. O controle ambiental rigoroso permite uma menor incidência de pragas, doenças e incêndios, além de ser uma alternativa que reduz a pressão sobre florestas nativas.
Entretanto há pontos negativos nas monoculturas destinadas para a produção de madeira, entre elas a baixa biodiversidade das florestas plantadas, poucos animais e outras plantas conseguem se desenvolver nesses meios, além de haver uma grande demanda por água e possível degradação do solo pelo maquinário pesado.
Já o manejo sustentável envolve a extração de madeira de florestas nativas com um corte seletivo e com poucas árvores derrubadas por hectare de floresta, de maneira que não comprometa a biodiversidade da floresta em longo prazo e nem mesmo coloque em risco de extinção as espécies exploradas.
A preservação da biodiversidade pelo manejo sustentável é a grande vantagem desse sistema de produção madeireira, pois busca a menor interferência nos ecossistemas. Além disso, tais florestas são mais resilientes às mudanças climáticas e desastres naturais, pois sua estrutura ecológica permanece consistente.
Mesmo assim existem riscos relacionados a essa forma de produção de madeira, uma delas é o alto custo necessário para a produção de madeira pelo manejo sustentável, além do elevado risco de exploração ilegal de madeira, devido à baixa fiscalização nos locais produtivos. Atualmente, cerca de 80% da madeira produzida na Floresta Amazônica ocorre de forma ilegal.
De forma geral, ambas as formas de produção de madeira possuem seus pontos positivos e riscos. Geralmente para setores de construção civil e produção de embalagens são priorizadas florestas plantadas pela alta demanda, e na produção de móveis e aberturas o manejo sustentável possui maior representatividade pela busca por madeiras mais caras e de espécies nativas, que demoram mais tempo para crescerem. A escolha entre esses métodos depende de diversos fatores, incluindo objetivos econômicos, ambientais e sociais.
Referências:
Abimci apresenta cenário da madeira no Brasil durante Workshop Embrapa Florestas/Apre – Portal Embrapa
Madeira: como PMEs podem garantir legalidade e rastreabilidade? – Summit Agro
Ibama monitora 100% da exportação de madeira brasileira — Ibama
As vantagens da produção de madeira sustentável com florestas plantadas
SNIF – O manejo florestal sustentável protege as florestas