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O que é a chuva preta e como ela se forma?

O ano de 2024 tem sido marcado por extremos climáticos no Brasil e no mundo. Agosto novamente bateu o recorde de mês mais quente já registrado na história e mantém a marca que vem sendo quebrada ao longo dos últimos 14 meses. 

O mesmo acontece no Brasil com um ano extremamente quente, com chuvas escassas e abaixo da média em grande parte do seu território. De Norte a Sul, Nordeste a Centro-oeste, todas as regiões sofrem com altas temperaturas e nas últimas semanas com o fogo descontrolado.

São milhões de hectares devastados pelo fogo, consumindo áreas de vegetação nativa, plantações, e áreas de pecuária. Ao longo desse ano, foram mais de 11 milhões de hectares consumidos pelo fogo, sendo que mais da metade apenas no mês de agosto de 2024. Os estados com maiores focos de incêndio estão em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará e concentram as maiores áreas queimadas.

As chamas alastram-se por uma região maior que o estado de Santa Catarina, atingiram diretamente mais de 10 milhões de pessoas, um número incalculável de plantas e animais morreu pelo calor, fumaça e fogo. Mas os impactos não são restritos aos locais que concentram os focos de incêndio, por condições climáticas a fumaça das queimadas se espalhou por todo o país e atingiu países vizinhos como Uruguai e Argentina.

Uma condição climática de calor, ventos, fogo e fumaça fez com que o país todo ficasse encoberto de fumaça por dias, sem ver o sol, com prejuízo para a saúde humana e risco de doenças respiratórias. O ar estava tão poluído nos últimos dias que São Paulo foi a cidade com a pior qualidade do ar no mundo por 5 dias consecutivos.

E a solução para esse cenário apresenta duas soluções: o fim das queimadas ou chuva para limpar o ar. Enquanto a seca e o fogo continuam a aumentar no país, a chuva tem trazido um alívio na qualidade do ar, mas pode trazer um novo cenário, a chuva preta.

A chuva preta é formada quando uma frente fria encontra uma região com grande poluição do ar, principalmente com compostos de fuligem e fumaça na atmosfera. As gotas de chuva que caem vêm limpando e lavando a atmosfera, no processo de queda as partículas de fuligem e material particulado são absorvidas pelas gotas de água e quando caem no chão apresentam uma coloração escura, a chuva preta.

Essa água não é adequada para consumo humano, animal e nem mesmo para a rega de plantas. Apresenta coloração e turbidez altamente alterados, podem possuir pH ácido e carregar metais pesados, conforme recentes pesquisas feitas por universidades brasileiras.

A água da chuva preta pode ser prejudicial à saúde humana, causando irritação na pele e mucosas, pode trazer impacto no crescimento das plantas e até mesmo causar problema na pintura de carros. Quanto mais frequente são as queimadas, mais comuns são essas chuvas e os efeitos negativos podem ser cumulativos.

As mudanças climáticas estão ocorrendo de uma forma mais rápida e mais severa do que poderíamos pensar há poucos anos. Chuvas, secas, ondas de calor, queimadas e chuvas contaminadas são uma realidade indigesta e que somente poderão ser controladas e mitigadas com esforços coletivos de governos, empresas e sociedade.

Referências:

‘Chuva preta’: estraga o carro? É tóxica? Faz mal para a pele? Entenda | Exame

‘Chuva preta’: análise indica possível presença de metais tóxicos prejudiciais à saúde em Porto Alegre, diz UFRGS | Rio Grande do Sul | G1 (globo.com)

SP tem a pior qualidade do ar entre grandes cidades do mundo pelo 5º dia seguido – Sustentabilidade – CartaCapital

70% das queimadas no Brasil em 2024 destruíram vegetação | Geral (brasildefato.com.br)

Área queimada no Brasil cresce 149% em agosto (uol.com.br)