O chimarrão é um hábito que ultrapassa as fronteiras e divisas de estados e países, muito consumido nos estados na região Sul do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai, o chimarrão e o cultivo da erva-mate podem ser aliados no combate às mudanças climáticas.
O chimarrão ou mate, é uma infusão, um chá quente da erva-mate (Ilex paraguariensis), árvore que ocorre naturalmente na Mata Atlântica, nas florestas de altitude e planaltos da do Sul, Argentina e Paraguai. Estima-se que mais de 60% da população desses países e da região Sul seja consumidor assíduo do chimarrão.
A bebida está intrinsecamente presente na rotina do povo gaúcho, sulista e sul-americano. Cada país tem seus hábitos de consumo e tipos preferidos de erva, mas o mate é figura carimbada nas manhãs frias, nas reuniões de família, no trabalho, na praia, no futebol e onde quer que se possa levar uma cuia e uma térmica com água.
A bebida remonta seu uso milenar pelos indígenas guaranis, que faziam o uso da água quente e folhas maceradas em ocos de bambu, atualmente existem cuias de porcelana, madeira, metal, vidro e a tradicional cuia de porongo, que é a mais difundida no preparo da bebida. Assim como a cuia sofre variações, o chimarrão acompanha o gosto das milhões de pessoas e pode receber chás, misturas de ervas, temperos e cascas de frutas.
Indiferente do modo de preparo e dos acompanhamentos, a infusão é reconhecidamente benéfica para a saúde, sendo uma bebida estimulante por conta da presença da cafeína (a mesma substância presente no café e nos energéticos), além de altos níveis de antioxidantes e presença de vitaminas (A, B, B1, B2 e C) e diversos sais minerais.
Mas afinal, qual a relação do chimarrão que a gente toma ao longo do dia e o combate às mudanças climáticas?
A resposta está na erva-mate, que é uma árvore muito cultivada e que tem sido utilizada como uma fonte de sequestro de carbono além de outras práticas de cultivo sustentável. Como a árvore é cultivada em ambientes sombreados, torna-se uma excelente espécie para reduzir a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera e armazenar nas folhas, galhos e no solo.
Além disso, a produção de erva-mate pode ser integrada com outras culturas agrícolas em sistemas agroflorestais, com a promoção da biodiversidade, cobertura do solo e resiliência dos ecossistemas.
Por fim o cultivo da erva pode acontecer com árvores e plantações nativas, sem a necessidade de desmatamento para o seu manejo. Como é uma espécie que necessita de sombra, ela produz mais em meio à floresta nativa e contribui para a preservação de ambientes naturais.
Atualmente já podemos encontrar uma série de marcas de erva-mate que estampam suas práticas de cultivos sem emissão de carbono, plantio orgânico e técnicas agroflorestais, além de certificações e práticas de comércio justo. O seu chimarrão ou chá contribuem para a manutenção da biodiversidade, diminuem a pressão sobre o desmatamento de áreas nativas e combatem as mudanças climáticas. Uma ótima combinação de bons motivos para preparar e saborear o seu mate.
Referências:
Chimarrão: como erva-mate está ganhando o mundo graças a Messi e outros ’embaixadores’ – BBC News Brasil
Chimarrão é celebrado como símbolo da cultura gaúcha — Ministério do Turismo (www.gov.br)
Consumidor-de-cha-mate.pdf (embrapa.br)
Chimarrão: A Bebida Mais Sulista Do Brasil (gastrovinoacademy.com.br)