ECO INSIGHTS

Como a descoberta de compostos farmacológicos pode contribuir para a conservação das matas brasileiras?

Atualmente é crescente a demanda por produtos naturais, medicamento fitoterápicos, produtos de beleza e medicamentos. Os setores de saúde e beleza são os que mais crescem no mundo ano a ano. Estimativas indicam que no ano 2027 a economia mundial deve girar cerca de 8,5 trilhões de dólares em beleza e saúde, sendo um dos segmentos que mais cresce ao ano.

As pessoas estão vivendo mais, se cuidando e vivendo melhor, isso é o reflexo do desenvolvimento tecnológico que estamos vivendo. Além das grandes cifras de dinheiro que são movimentadas em busca de saúde e beleza, outro ponto em comum é que grande parte das essências e substâncias ativas de medicamentos e produtos de beleza estão em seres da fauna e flora.

Um dos exemplos mais famosos do mundo é o captopril, dos medicamentos mais utilizados no mundo para hipertensão e que sua molécula ativa foi descoberta no veneno de cobras jararacas. Apenas uma espécie, um medicamento e milhares de vidas salvas ao ano em todo o globo.

Assim como o remédio para hipertensão, dezenas e centenas de outros medicamentos têm sua origem na biodiversidade brasileira e que aos poucos corre risco de desaparecer com a derrubada de nossas florestas. Estima-se que atualmente cerca de 40% dos medicamentos disponíveis nas prateleiras das farmácias foram desenvolvidos a partir de fontes naturais: 25% plantas, 13% microrganismos e 3% de animais.

Em um período de 10 anos, entre a década de 1980 e 1990, a Food and Drug Administration, agência estadunidense que é responsável pelo controle de fármacos, registrou 520 novas drogas, sendo que 39% delas eram oriundas a partir de produtos naturais.

 Nosso país é um dos mais biodiversos do planeta, com estimativas apontando que até 20% de toda a riqueza mundial de animais e plantas está em solo brasileiro. Nossas florestas abrigam 55.000 espécies vegetais catalogadas, e cerca de 4 mil espécies são utilizadas com fins medicinais, seja tradicional ou industrial.

A riqueza de medicamentos, produtos de beleza e outros fármacos pode ser muito maior, seja por falta de pesquisa das demais espécies conhecidas e até mesmo por espécies não descritas pela ciência. A conservação e a exploração sustentável desses recursos genéticos não dependem apenas de estudos de farmacologia, mas também de esforços de descrição das espécies da flora e fauna brasileira e conservação das paisagens tradicionais.

Muitas dessas espécies conhecidas e desconhecidas ocorrem apenas em locais isolados, paisagens singulares, vales e morros inacessíveis ou em condições únicas de clima, topografia e vegetação. Somente com a conservação das florestas e outros biomas é que será possível acessarmos o arcabouço genético e farmacêutico que está ao nosso redor.

A pesquisa de novos medicamentos a partir de plantas e organismos encontrados nas matas brasileiras pode aumentar o valor econômico dessas áreas, criando mecanismos para incentivar a preservação em vez da destruição para outros usos.

Referência:

Até que ponto a ciência pode contribuir para a conservação da diversidade biológica? (bvs.br)

9295493e-1fa5-2c85-4006-901300d53eaf (agricultura.sp.gov.br)

SciELO – Brasil – Biodiversidade: fonte potencial para a descoberta de fármacos Biodiversidade: fonte potencial para a descoberta de fármacos

Biodiversidade como fonte de medicamentos (bvs.br)

Medicamento contra hipertensão é feito do veneno de uma cobra; especialistas do Instituto Butantan explicam | Fantástico | G1 (globo.com)