A humanidade vem passando por um grande evento de extinção, chamada pelos cientistas de sexta extinção em massa já registrada na história. É evento que ocorre de milhões em milhões de anos e com uma elevada taxa de desaparecimento de espécies animais e vegetais, ao contrária de outras já registradas, atual não ocorre por causas naturais, mas por ação humana.
Aquecimento global, poluição de rios e mares, descarte irregular de resíduos, desmatamento de florestas, transformação de ecossistemas, uso de produtos perigosos, uso excessivo de recursos minerais, tráfico de animais e atropelamentos. Esses e outras causas são os principais fatores que levam milhares de espécies a correr riscos de extinção em todo o globo.
Naturalmente, há uma taxa de desaparecimento de espécies que ocorre independente da ação humana, esse número é de 0,01 e 0,1% de espécies extintas por ano. Mas atualmente esses números são cerca de 1.000 a 10.000 vezes maiores do que deveriam ser, com cerca de 200 a 2.000 espécies sendo extintas por ano, sem ao menos serem conhecidas pela ciência.
Mas nem só de más notícias a conservação de espécies se abastece, existem vários relatos de espécies animais e vegetais que foram salvos do desaparecimento pela ação humana diretamente. Entre elas podemos citar:
- Gorila-das-montanhas: os indivíduos de gorila-das-montanhas estão confinados em duas florestas tropicais no centro da África, distribuídos ao longo dos países Uganda, Ruanda e a República Democrática do Congo, enfrentam ameaças como desflorestamento, doenças de outros símios e conflito com humanos por recursos alimentares. Os números ainda tímidos mostram pouco mais de 1.000 indivíduos em liberdade, mas representam um grande aumento da população que esteve à beira da extinção nos anos 1980.
- Antílope-saiga: talvez pouco conhecido pelos brasileiros, mas representa uma das mais importantes da história de recuperação de espécies. O antílope do tamanho de uma cabra, ocorre naturalmente nas estepes da Rússia, Mongólia e Cazaquistão. Em 2006 as populações eram de 50.000 animais e atualmente são mais de 1,3 milhões de antílopes-saiga livres, graças ao esforço de restauração de pastagens e controle da caça.
- Mico-leão-dourado – um dos maiores símbolos da preservação ambiental no Brasil nas últimas décadas, o mico-leão-dourado é uma das espécies símbolo da Mata Atlântica e vive nas florestas litorâneas entre o Rio de Janeiro e Espírito Santo, na década de 1960 havia menos de 400 indivíduos na natureza e depois de uma grande campanha nos anos 1990 e anos 2000 já são quase 2.500 micos em liberdade, apesar de ainda ostentar o status de ameaçado. Os principais desafios na sua conservação estão na fragmentação dos remanescentes florestais da Mata Atlântica.
- Arara-azul – o maior psitacídeo do mundo, a arara-azul é a ave símbolo do Pantanal e tem quase 80% da sua população no lado brasileiro do bioma. A ave que está classificada como vulnerável na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN). Já teve sua população estimada em 2.500 espécimes na natureza no fim dos anos 1980, mas com a criação do Instituto Arara-Azul sua população quase triplicou. Uma grande campanha de conscientização começou nos anos 1990 com a instalação de ninhos artificiais e monitoramento da população. Ainda enfrenta ameaças como o tráfico de animais, perda de habitats e mudanças climáticas.
A ação humana, de modo geral, tem um efeito danoso no meio ambiente, mas quando direcionado e coordenado pode ter impacto positivo na conservação e recuperação de espécies e ecossistemas naturais.
Referências:
Back from the brink: Six species saved by ecosystem restoration (unep.org)
De volta à vida: as espécies que foram salvas da e… | VEJA (abril.com.br)
Humanos sabem realmente como salvar os animais em risco de extinção? – Estadão (estadao.com.br)
Mico-leão-dourado é “case” de sucesso para preservação, mas vê nova ameaça – 05/06/2020 – UOL ECOA
Perda de habitat e mudanças climáticas devolvem arara-azul à lista de espécies ameaçadas – Notícias ambientais (mongabay.com)