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O que são os superpoluentes e como combatê-los?

O ano de 2023 foi o mais quente já registrado na história da humanidade, estamos batendo mês a mês o período mais quente, dia 21 de julho de 2024 foi o dia que teve a maior temperatura média já registrada na história e parece que o ciclo não para de acontecer, cada vez mais extremo, mais quente e com mais desafios à humanidade.

Quando falamos em mudanças climáticas e gases de efeito estufa, logo lembramos do gás carbônico, do efeito estufa, da utilização de fontes de energia não renovável e da necessidade de descarbonizar a nossa economia. 

Embora esse seja o cerne da questão, o carbono não é o único vilão do aquecimento global. Existem outros gases mais poluentes ao clima e à saúde humana, que são dezenas, centenas de vezes piores, são os chamados superpoluetes, são gases que também influenciam na mudança do clima.

Os principais superpoluentes são o metano (CH4), ozônio (O3), hidrofluorcarbonos (HFCs) e o carbono negro (fuligem). O carbono é um gás produzido naturalmente pelas atividades agrícolas, decomposição de resíduos, pecuária, queima de combustíveis e outros. Já o ozônio é o resultado de reações químicas na atmosfera e é um subproduto de atividades industriais e transporte. Os HFCs são substitutos dos clorofluorcarbonetos (CFCs), que estavam contribuindo para a destruição da camada de ozônio, e usados em aparelhos de ar-condicionado, na refrigeração, aerossóis e solventes. Já a fuligem é um subproduto da queima incompleta de biomassa, carvão ou diesel.

A temperatura média do planeta já aumentou 1,2º C se comparado aos níveis pré-industriais, mas 2023 ficou quase no limite de 1,5ºC do Acordo de Paris, mas recente pesquisa do Instituto de Governança e Desenvolvimento Sustentável (IGSD), uma instituição norte-americana mostrou que o combate aos superpoluentes pode evitar um aumento até 0,6ºC até 2050. Ou seja, o foco pode ser dividido entre outros agentes, não exclusivamente no carbono.

Uma análise do Instituto de Governança e Desenvolvimento Sustentável (IGSD), nos Estados Unidos, mostra que o combate aos superpoluentes pode evitar um aumento de até 0,6ºC até 2050. Tomando por base o carbono, podemos calcular o potencial de aquecimento global, o quando um gás ou poluente é mais nocivo do que o carbono.

  1. Metano: possui um potencial de aquecimento global de 84 e dura até 12 anos na atmosfera;
  2. Ozônio: possui um potencial de aquecimento global de 1002 e dura poucas horas na atmosfera;
  3. HFCs: possui um potencial de aquecimento global de 1500 vezes e duram até 14 anos na atmosfera;
  4. Fuligem: potencial um potencial de aquecimento global de 900 vezes e dura semanas na atmosfera.

A grande diferença dos superpoluentes é que possuem um potencial mais nocivo que o carbono e duram poucos dias ou anos na atmosfera, diferente do carbono que fica mais de 100 anos na atmosfera, potencializando o seu efeito cumulativo. Mesmo que a emissão de carbono seja zerada, o planeta seguirá esquentando pelo efeito refratário do carbono, já se cortarmos os superpoluentes, em poucas semanas e anos já começaremos a notar diferenças na temperatura média.

Mas não significa que devemos largar de mão o combate ao carbono e ao uso de combustíveis fósseis, porém podemos dividir as atenções com outras fontes de emissão. O carbono responde por 55% da causa do efeito estufa, demais poluentes respondem por 45%, é uma conta quase dividida ao meio, que merece uma abordagem diferenciada.

Os poluentes como o ozônio fuligem são classificados como superpoluentes, pois fazem mal à saúde humana e causam danos à flora e à fauna, ambos causam danos ao sistema respiratório, podendo ter efeitos a longo prazo.

Chama a atenção a participação do Brasil na emissão de metano, sendo o quinto maior emissor de metano do mundo, com a participação global de 5,5%, principalmente pela pecuária e emissão de gases entéricos.

Primeiramente é preciso medir com precisão a emissão dos gases na fonte, além de monitorar a concentração desses gases superpoluentes nas cidades brasileiras, realidade pouco presente nas grandes cidades brasileiras. O combate a queimadas, desmatamento e tratamento correto de efluentes e resíduos é a principal forma de evitar a emissão de metano.

Outras soluções podem envolver o corte na produção dos HFCs e sua substituição por outros gases similares, essa mudança poderia evitar sozinho um aumento de até 0,5° C, a simples implementação do uso de filtros para veículos pode combater fortemente a emissão de fuligem.

Assim como o Protocolo de Montrel, de 1987, talvez seja o acordo internacional mais bem sucedido da história, que conseguiu diminuir muito a emissão de CFCs e estabelecer um processo contínuo na diminuição do buraco na camada de ozônio. Esse é o principal balizador e exemplo de como podemos (e devemos) estabelecer acordos plurais, com metas tangíveis e regras de transição para outros gases, além do carbono.

Referência:

O que são os superpoluentes e como combatê-los pode desacelerar o aquecimento global – BBC News Brasil

https://www.gov.br/ibama/pt-br/assuntos/emissoes-e-residuos/emissoes/protocolo-de-montreal

Cortar superpoluentes pode evitar 0,6°C até 2050 – 09/06/2024 – Ambiente – Folha (uol.com.br)

O que são os superpoluentes e como combatê-los pode desacelerar o aquecimento global (correiobraziliense.com.br)