Cerca de dois meses após a maior enchente da história do Rio Grande do Sul, as águas já baixaram, os rios voltaram aos seus leitos, casas, prédios e empresas foram limpos, pessoas e sociedade tentam voltar à sua rotina antiga, mas um dos problemas ocasionado pelas chuvas ainda pode ser visto pelas ruas e repercute muito em cidades gaúchas.
O que fazer com todo lixo gerado após as enchentes?
Muitas cidades ainda lidam com vários pontos com entulho e lixo em meio às ruas, esperando uma coleta e destinação correta. Na sua maioria são restos de móveis, madeiras, restos de construções, roupas, papéis, plásticos, metais e vidros. Tudo misturado e contaminado pelo lodo que veio junto com as águas de rios e esgotos.
Mas esses resíduos apresentam riscos para a população, não apenas a mobilidade urbana que fica comprometida, mas a saúde dos moradores também está sob risco.
Após enchentes, o lixo contaminado representa riscos significativos para a saúde. A água acumulada em superfícies côncavas e o lixo favorecem a proliferação de animais transmissores de doenças, como o Aedes aegypti, responsável por arboviroses como dengue, zika e chikungunya. Além disso, a água contaminada por lixo, sujeira e esgoto transporta doenças como cólera, hepatite A, febre tifoide, diarreias e leptospirose.
O manejo dos resíduos exige uma série de etapas, como:
- Coleta emergencial: tem o objetivo de liberar as vias urbanas e rurais e recolher o máximo de resíduo possível descartado pelos moradores após a limpeza de casas e empresas. Poucos municípios se mostraram preparados para a fase inicial de coleta do lixo gerado pelas enchentes.
- Transbordo ou bota-fora: locais onde os resíduos coletados são armazenados temporariamente até a destinação final. O tempo de espera dos materiais na área de transbordo deve ser o menor possível para evitar a proliferação de animais.
- Destinação final: os resíduos são encaminhados para aterros sanitários como destino final, dessa forma terão uma disposição adequada de acordo com os riscos e origem dos materiais. Embora parte dos rejeitos coletados possa ser reciclada, como metais, plásticos e vidros, a maior parte está sendo destinada como rejeito, pois o manejo de materiais contaminados exige treinamento, EPIs e mão de obra especializada.
Algumas cidades gaúchas ainda enfrentam desafios relacionados com a coleta e destinação dos resíduos das enchentes. Poucas empresas habilitadas para a recolha dos materiais, áreas de transbordo excessivamente grandes, muito tempo de espera para a coleta e destinação final dos resíduos.
As autoridades estão trabalhando para lidar com os resíduos das enchentes, mas é um processo desafiador que requer soluções adaptadas às circunstâncias. O volume de lixo gerado muitas vezes é superior ao coletado em semanas ou meses pelos municípios e o sistema de gestão de resíduos está operando de forma emergencial.
Assim como obras de adaptação e resiliência às mudanças climáticas devem ser pensados nas cidades para lidar com extremos do clima, planos de contingência para a geração e coleta de lixo devem ser contemplados nos cenários de enfrentamento às mudanças do clima.
Referências:
Os perigos das enchentes para a saúde – Sinais, Sintomas e Doenças > AbcMed
O que fazer; qual o destino dos entulhos no Rio Grande do Sul? (uol.com.br)
Quais os riscos para a saúde ao andar em enchentes e alagamentos? (olhardigital.com.br)