ECO INSIGHTS

A importância dos ecopontos na gestão de resíduos urbanos

Pense no seu cotidiano e em todas as atividades que você faz ao longo de um dia ou uma semana. É muito provável que em todas elas, ou pelo menos na maioria, você vai gerar resíduos: em casa, no trabalho, na escola, cozinhando, comendo, tomando água, se locomovendo, trocando de roupa. Se pensarmos todas as nossas atividades e produtos que consumimos geram resíduos algum momento.

Recentemente, um estudo intitulado de Panorama dos Resíduos Sólidos de 2024, realizado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), demonstrou que a taxa de reciclagem de resíduos sólidos urbanos no país é de 8%, embora a taxa de resíduos secos (recicláveis) seja de 32% no Brasil. Ainda geramos muitos resíduos, separamos mal, reciclamos pouco e ainda destinamos um volume enorme para lixões.

O mesmo estudo aponta que no país ainda existem 1.572 lixões e quase 600 aterros controlados (sem proteção de solo e tratamento de efluentes), a cada 10 municípios 3 ainda possuem lixões, que deveriam estar extintos no país há anos.

Nesse cenário a coleta seletiva ganha um papel fundamental, pois é o primeiro elo no processo de reaproveitamento e logística reversa de um número quase infinito de produtos e materiais. No início de 2022 foi lançado o Programa Nacional de Logística Reversa, que visa fomentar e organizar cadeias de produtos e materiais para que eles sejam reinseridos na cadeia produtiva. 

O Sistema de Logística Reversa é aquele que o material retorna ao processo produtivo, reduzindo o descarte inadequado de resíduos, reduzindo emissão de gases de efeito estufa, assim como a reinserção das matérias-primas na cadeia produtiva, evitando nova extração de recursos naturais. Algumas materiais e produtos já possuem sistemas de logística reversa implementados como pneus, embalagens de óleo, eletrônicos, medicamentos, embalagens, agrotóxicos, pilhas e baterias, frascos de vidro.

Mesmo com cadeias de logística reversa implementados ainda é necessário um esforço maior do consumidor final e gerador de resíduos sólidos urbanos na melhoria da gestão dos resíduos, e nesse cenário que os ecopontos ganham especial atenção e importância. Esses espaços são planejados para facilitar a destinação correta de diferentes tipos de resíduos, promovendo benefícios ambientais, sociais e econômicos.  

Atualmente existem no Brasil cerca de 5 mil ecopontos, distribuídos de forma desigual entre cidades e regiões, que proporcionam uma alternativa à população para o descarte de materiais recicláveis e resíduos volumosos em locais adequados. Desde restos de poda, eletroeletrônicos, sucatas, resíduos recicláveis no geral, restos de obras e reformas em pequenos volumes podem ser descartados nos ecopontos.

A falta de infraestrutura adequada para o recebimento desse tipo de resíduos leva ao descarte incorretos de materiais em vias públicas, terrenos baldios e áreas verdes. O descarte incorreto gera poluição do solo e água, proliferação de vetores de doenças e se torna um problema sanitário. 

O movimento do poder público em disponibilizar locais adequados, como os ecopontos, para o descarte de resíduos volumosos, recicláveis e que não são levados pela coleta seletiva contribui diariamente para um impacto positivo no ambiente das cidades e na gestão dos resíduos sólidos, mas a eficiência dessa alternativa para descarte depende em grande parte da colaboração da população para que assuma o seu papel de protagonista na gestão ambiental das cidades.

Referências consultadas

RECICLAGEM DE RESÍDUOS CHEGA A 8% NO PAÍS COM TRABALHO INFORMAL, APONTA ESTUDO – ABREMA

Brasil conta com mais de 3,4 mil pontos de coleta para descarte e destinação correta do lixo eletrônico em todo o país

A contribuição dos Ecopontos para as cidades – Diário do Rio Claro

Logística Reversa – Sema – Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura