O Brasil é um país extremamente diverso em todos os setores e características. Possui desde matas tropicais a savanas, pastagens e cerrados, além de praias de águas cristalinas e o maior rio do mundo em extensão e volume de água. Apresenta estações secas com temperaturas extremas e invernos rigorosos com temperaturas negativas.
Toda essa diversidade em questões ambientais também se reflete em características sociais, distribuição de renda, emprego, acesso a serviços básicos e saneamento. Em um país com dimensões continentais como o nosso, com mais de 200 milhões de habitantes, o cenário de acesso ao saneamento básico ainda é um desafio.
Se por um lado 90% da população tem acesso à coleta de resíduos e 83% ao fornecimento de água encanada, o mesmo não se repete nos serviços de coleta e tratamento de esgotos. Cerca de 90 milhões de brasileiros ainda convivem com o esgoto sem coleta e pouco mais de 53% do que é coletado recebe tratamento.
E não há um único obstáculo ou razão pelo qual esses números são uma dura realidade, mas uma série de fatos sociais, culturais, econômicos e históricos.
A desigualdade regional talvez seja um dos maiores desafios a serem enfrentados pelos governos e concessionárias de água e esgoto, as regiões Norte e Nordeste possuem índices de coleta e tratamento de esgoto menores que as médias nacionais. A infraestrutura de saneamento é outro gargalo a ser superado, principalmente em regiões rurais e periferias urbanas, onde estrutura inadequada dificulta a universalização da coleta e tratamento de esgoto.
A falta de investimento, ao longo da história do Brasil, talvez seja o maior desafio a ser enfrentado pelo nosso país. Para a universalização da coleta e tratamento de esgoto e distribuição de água encanada são necessários mais de 500 bilhões de reais até 2033. O investimento atual de 22 bilhões de reais ao ano precisaria mais que dobrar.
Soma-se a isso a baixa conscientização da população sobre temas relacionados ao saneamento básico, sem a pressão da sociedade, o tema tende a ser negligenciado por gestores públicos e concessionárias de serviços.
Universalizar a coleta e tratamento de esgoto no Brasil é algo que foi definido como prioridade da Política Nacional de Saneamento Básico, em 2020, mas para que isso ocorra é necessário um esforço conjunto de governos, empresas privadas, sociedade civil e da população em geral. O aumento do investimento é necessário para superar obstáculos de infraestrutura e adoção de sistemas e tecnologias eficientes para garantir um saneamento de qualidade a todos os brasileiros.
Referências:
Entenda os desafios para alcançar a universalização do saneamento no Brasil – Trata Brasil
Saneamento básico: Entenda a situação atual e desafios no Brasil