O Brasil é considerado o país com a maior biodiversidade animal do mundo, com milhares de espécies de mamíferos, aves, peixes, répteis, insetos e outros animais. Uma das ordens mais comuns são as aves, que podem ser encontradas em todos os continentes do mundo, de ambientes urbanos a rurais, praias a florestas, espécies silvestres e domesticadas.
Conforme dados do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos, o Brasil possui 1.971 espécies de aves, das quais 236 estão ameaçadas, em diferentes graus de ameaça. Por serem encontradas nos quatro cantos do país e em todos os biomas, as aves podem ser avaliadas como espécies bioindicadoras de qualidade ambiental.
Uma espécie bioindicadora é aquela que pode ser relacionadas com determinadas condições do meio ambiente onde ocorrem. Algumas espécies são típicas de áreas urbanas, outras ocorrem apenas em áreas florestadas, algumas espécies suportam mais a presença humana e outras não toleram a interação com pessoas.
Podemos utilizar esse conhecimento para termos ideia de como está a conservação do meio ambiente que estamos inseridos. Podemos dividir as aves como tolerantes à presença humana e às suas ações, o que muitas vezes acaba beneficiando essas espécies tolerantes e pouco exigentes em condições ambientais. Podemos citar as espécies como quero-quero (Vanellus chilensis), sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), pomba-doméstica (Columba livia), pardal (Passer domesticus) com espécies pouco exigentes em condições ambientais e que se beneficiam da ação humana, sendo facilmente encontradas em áreas degradadas e cidades.
Entretanto, elencar outras espécies mais exigentes quanto à qualidade ambiental e não serem tolerantes a grandes impactos no seu habitat natural. Considerando a dimensão continental do Brasil, listamos algumas espécies de aves que indicam a boa qualidade ambiental do local onde vivem, disponibilidade recursos, abrigo, alimento e que podem ser facilmente reconhecidas:
- Ema (Rhea americana) – a maior espécie de ave do Brasil, possui grande distribuição no país e ocorre em campos e cerrados, não tolera a presença humana e é uma das primeiras espécies a desaparecer com o aumento da população.
- Marreca-cabocla / asa-branca (Dendrocygna autumnalis) – espécie de marreca que ocorre em todo o país, costuma viver em grandes bandos e pode ser vista até mesmo em parques urbanos.
- Jacuaçu (Penelope obscura) – espécie muito comum no Sul e Sudeste, pode ser encontrada em bordas e mata e alimenta-se principalmente de frutos
- Tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus) – uma das espécies mais bonitas da fauna brasileira com penas coloridas e bico verde-amarelado. Vive em florestas da Mata Atlântica e é um grande dispersor de frutas e sementes.
- Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) – costuma viver em bandos ou em casais, é encontrado no Brasil inteiro e sofre com a perda de habitat e com o contrabando para ser criado como animal de estimação.
- Surucuá-variado (Trogon surrucura) – é uma ave extremamente colorida e alimenta-se de insetos e frutos. Pode ser encontrado em florestas e parques urbanos bem conservados. É uma das primeiras espécies a desaparecer em casos de degradação da floresta.
- Urubu-rei (Sarcoramphus papa) – o maior dos urubus brasileiros, é totalmente branco, o que facilita sua identificação. Nunca é visto em áreas urbanas, pode ser visto voando alto com outros urubus e ocorre em campos, floretas e montanhas.
As aves e espécies bioindicadoras nos indicam a qualidade ambiental de um determinado local, mas a sua simples presença não é garantia de que não sofrem preções. Além da presença, é necessário avaliar o tamanho das populações, se essas aves são abundantes em uma área, isso é um bom indicativo de preservação ambiental, pouca pressão por caça e bom acesso a recursos.
Referências:
Saiba o que são espécies indicadoras e para que elas servem – eCycle
Aves urbanas como indicadores de Qualidade Ambiental (minasbioconsultoria.com)
AvesBiomonitorasQualidade.pdf (ufu.br)
CBRO – Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos